quinta-feira, 3 de junho de 2010

Parabéns, Carlos Campanile

Um dos nomes mais conhecidos da dublagem clássica e que continua firme no ramo até os dias de hoje está completando mais um ano de vida. Não é exagero dizer que sua voz forte e marcante, além de sua dicção majestosa fica cravada nos ouvidos de quem tem a oportunidade de acompanhar seus trabalhos e memorizar seu timbre de voz. Estamos falando de Carlos Campanile.

O início de sua carreira foi em teatro amador, no começo dos anos 60. Em meados deste ano, ingressou na carreira de rádio-ator, ramo muito comum na época e fez participações também na TV. Em 1967 foi parar na lendária A.I.C.-SP, dando início a sua carreira de dublador, ao lado de profissionais consagrados da dublagem brasileira. Seus “padrinhos artísticos”, como ele mesmo os denomina, foram ninguém menos que Hélio Porto, José Soares, Wolner Camargo e Neville George. Infelizmente, todos esses profissionais pioneiros da dublagem paulista já não estão mais entre nós. Pra ser apadrinhado por monstros sagrados da arte como eles, só poderia ser esse dublador talentoso que ele é.

Na parte das séries japonesas, se existe uma voz que literalmente fez falta na Álamo, de 1986 até 1992, e esse nome é Carlos Campanile. Alguns personagens (principalmente vilões), interpretados por outros atores, tiveram uma passagem, digamos, “apagada” (sem menosprezar nenhum profissional) nos seriados, mas na minha opinião, se tivessem a honra de serem dublados pelo Campanile, seria um show a parte. Infelizmente nessa época, ele estava dirigindo na BKS, por isso nunca foi escalado pelo trio Líbero/ Nair/ Baroli no estúdio. No Jaspion mesmo, como o Baroli fez vários inimigos em capítulos seguidos, poderia muito bem ter deixado pra ele o Zamurai ou o Silk. Quem sabe o Gassâmi nº1, fazendo um dueto com o saudoso Eleu Salvador. Em Changeman, também poderia ter feito a voz de vários monstros espaciais., além de alguns ninjas em Jiraiya. Enfim, seria mais uma voz poderosa a intercalar personagens junto com o time atuante da época, composto por Ézio Ramos, Gastão Malta, João Francisco, Jorge Pires, Muíbo Cury, Oswaldo Boaretto, entre outros. No entanto, pudemos acompanhar sua interpretação no vilão mor da série Cybercop, dublada na BKS em 1991, na pele do maléfico Barão Kageyâma.



Já a partir de 1995, Campanile caiu nas graças dos jovens (e marmanjos) amantes dos animes, bem no início da febre. Chegando à Gota Mágica, sob a direção do já citado Gilberto Baroli, emprestou sua interpretação para excelentes personagens: Thor de Fekda e Durval em Cavaleiros do Zodíaco, Demon em Samurai Warriors, e o cãozinho ninja Shuu em Dragon Ball (dublagem clássica), além de outras vozes. Mas o personagem que ele fez e é meu predileto é ninguém menos que o Freeza o super vilão da segunda fase de Dragon Ball Z, no comecinho dos anos 2000. Trabalho magistral, único; não há adjetivos para elogiar essa atuação. Uma curiosidade é que no original, “Freezer” é dublado pelo gabaritado Ryusei Nakao, que, devido ao tamanho minúsculo e a aparente fragilidade do personagem, caracterizou-o com uma interpretação contendo uma certa tendência homossexual, já que vilão Branco e Roxo - principalmente em sua forma final - possui um visual extremamente andrógino. Já no Brasil, recebeu uma voz de “machão”, com um timbre grave e amedrontador. Conversando com o Carlos, ele me disse que o som guia de Dragon Ball Z veio em Castelhano, e que não havia essa entonação no personagem nessa versão. Podemos dizer que existiu uma certa censura, mas que não descaracterizou o personagem e nem o contexto da história.

Pessoalmente não tive a oportunidade de conhecê-lo, mas por e-mails e Orkut, é o dublador mais educado, simpático e atencioso com quem já me relacionei. Sempre pronto a responder e ajudar no que sabe, além de não tem receio em fazer nenhum comentário envolvendo terceiros. Trata os fãs de maneira extremamente cordial.

Uma pena eu não conhecer as produções clássicas que ele dublou, (além de quase não ver filmes), mas zapeando pela Sky, nos canais destinados a programações dubladas como Fox, Megapix e TNT, sua voz é constantemente ouvida em várias produções dos anos 90 e também mais recentes. Parabéns, felicidades, muitos anos de vida, e acima de tudo muita saúde, para que continue a nos brindar com seu trabalho impecável por muitos anos!

Ouça a voz de Carlos Campanile, dialogando com Wendel Bezerra em Dragon Ball Z clicando aqui!

A título de curiosidade, ouçam o mesmo trecho em japonês, contendo as vozes de Ryusei Nakao (Freezer) e Masako Nozawa (Son Goku) clicando aqui!

3 comentários:

Anônimo disse...

Carlos Campanille DEUS, sem mais.

Heros disse...

Alberon3 já disse tudo o que eu queria. Assistam Tubarão e Tubarão 2 com áudio original e depois com a dublagem BKS, na qual Campanile dubla Roy Scheider e saberão do que estamos falando.

Anônimo disse...

Acho isso um exagero da parte de vocês essa coisa de DEUS! O Senhor Deus está no céu!!

Eu considero o Campanile apenas uma pessoa simples como qualquer uma, que faz um trabalho de primeiríssima qualidade, assim como outros dubladores favoritos!