segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Jiraiya Box 2 - Review

Depois de saber que a Focus Filmes finalmente começou a preparar os novos seriados nipônicos a serem lançados no Brasil (entenda-se Flashman e Jiban), resolvi postar o Review do Box 2 de Jiraiya, comparando com a versão não original. Assim, acredito que falo em nome de muitos sobre o que queremos e o que não queremos que aconteça com as novas coleções.

Como nesta série sabemos que os áudios são os mesmos da versão pirata, não há o que analisar. Apenas agradeço a boa alma que tentou ser um pouco mais coerente e resolveu deixar o bordão clássico “Versão Brasileira Álamo” nos episódios. Continuaram editando o “Numa Distribuição Top Tape” com uma BGM incompatível, mas isso já é uma outra história... assim, vamos diretamente falar sobre as imagens. Ah, nem é bom lembrar dos problemas com as legendas, mas pra quem gosta de sofrer:


A Focus “surpreendeu”, e lançou uma versão (desta vez) sem nenhum capítulo do Toei Channel. Isso é uma boa notícia, mas para a frustração de muitos marmanjos de plantão ainda não ficou tudo perfeito. O tratamento que fizeram na imagem ficou fora de padrão, contendo capítulos com uma coloração/ nitidez boa, mas em compensação outros ficaram tão escuros que acabaram inibindo detalhes da imagem. Vamos aos famosos prints comparativos:

Uma observação válida é que na reprodução do DVD, resolveram deixar de ser obrigatório a visualização dos Traillers, uma coisa muito chata.

A definição e coloração é boa, bastante superior ao que tínhamos, e a imagem não tem o aspecto opaco/ envelhecido. Reparem na imagem do rosto do Kenin Parts, que, devido ao excesso de contraste, o olho do suit actor não aparece. Idem com os detalhes da porta atrás dele.

Na imagem dos créditos da abertura, reparem que ela é muito mais escura. Idem no Jiraiya empunhando a Espada Olímpica.

Na foto do Aman Negro, atentem na floresta ao fundo. Totalmente escondida.

Já no print da Catarina, a imagem é tão boa que dá pra ver a maquiagem no rosto da Dorothy, a intérprete da personagem. O vermelho da roupa é lindo e reluzente.

Na minha opinião, o capítulo que mais ficou parelho nas duas versões é o 32 - A Percepção Extra Sensorial. Não sei se os fãs se lembram, mas o disco que continha esse episódio demorou um bom tempo pra chegar nas mãos dos compradores, pois a pessoa que fez a gravação dos capítulos no Japão esqueceu-se de gravar este episódio, que só mais tarde foi conseguido e incorporado na coleção, deixando-o num padrão diferente dos demais. Este veio como fonte um simples DVD-R, e os outros eram fitas de DV-Cam.

As imagens do Wild, Dokusai, Retsuga, Deus Jiray e Strover também estão bem escuras.

Conclusão: mais uma vez o lançamento ficou aquém de ser perfeito. Houve uma melhora inquestionável, é fato, mas ainda está longe de ser nivelada com um DVD-Set japonês. As fontes usadas desta vez não foram os DVD's já existentes, mas um excesso de filtros na imagem acabou tirando um pouco o brilho da coleção. Como já estamos cansados de conversar sobre isso no Fórum Tokubrasil, sabemos que somos “apenas” mais um dos muitos públicos-alvo a que se destinam esses lançamentos, e eu acredito que o mais expressivo. Em suma, a grande maioria (fora da “Tokunet”) adorou esses discos, pois nem imaginavam que tais séries jamais seriam lançadas em DVD. Por isso vimos classificações tão positivas em relação à Focus nos sites de venda, como por exemplo o Submarino, Saraiva e Americanas. Nós, que somos fãs de carteirinha e sabemos de grande parte do trâmite dessas negociações entre a Focus/ Toshihiko Egashira/ Toei/ Ricardo Cruz etc, sem dúvida fomos surpreendidos de forma negativa, pois esperávamos um mega lançamento, nos mínimos detalhes.

A única parte em que ninguém pode ser culpado, é referente aos áudios dessa série, que infelizmente estão presos no prédio da extinta Rede Manchete*, devido a sua falência. É óbvio que não houve nenhuma tentativa de reaver essa posse de modo jurídico, pois levaria tempo (coisa que certamente a Focus não tinha, pois lançou uma série atrás da outra) e custaria algum dinheiro, o que também dificilmente a empresa iria dispor, já que é bem mais simples pegar uma cópia dos DVD’s na Liberdade ou no camelô mais próximo e extrair o som. Ainda teria o fator agravante de que as fitas são do Toshi, e precisariam da ajuda dele pra reaver essas U-Matic, o que dificultaria infinitas vezes o processo, já que os direitos dele expiraram e não foram renovados. E pra comprovar a legitimidade dessa posse seria algo praticamente impossível legalmente. Sem ainda levar em consideração a vontade do ex-distribuidor em ajudar...

O Sr. Affonso em pessoa prometeu no Tokusatsu Show que ficaria mais atento a qualidade dos próximos lançamentos. São duas outras séries que tem uma legião de fãs muito grande, e que já estão com o pé atrás, temendo que o ocorrido em Changeman/ Jiraiya se repita.

Numa das várias conversas que tive com o Sr. Afonso via e-mail (que sempre me atendeu prontamente), ele garantiu que fará o “máximo ao seu alcance para que esses lançamentos sejam os melhores que já tiveram”. Garantiu também que “vamos usar sim a dublagem original”.

Nessas mensagens, dentre outras coisas, disse (generalizei, e não me arrependo) que em sua grande maioria somos adultos de 30 anos de idade em média, muitos casados e com família/ filho, com uma vida relativamente estável, e não nos importamos de investir R$ 150,00 ou um pouco mais numa coleção de DVD’s para que no fim do dia, após um banho relaxante, possamos sentar em frente a TV e botar um capítulo de uma série que tanto gostamos pra ver, e ficar super contentes com o resultado. Se gostamos, compramos, não somos como por exemplo um adolescente fã de anime, que depende de mesada dos pais pra adquirir um produto desse tipo. E não precisa muito pra nos satisfazer, pois não queremos ver Jiban/ Flashman numa TV de LED Full HD de 42 polegadas NOS MÍNIMOS DETALHES. Queremos só aproveitar os 22 minutos de um capítulo em uma simples TV (de tubo) de 29”, sem imagens quadriculadas e som de CD. Nada mais.

Peço a vocês, responsáveis por trás do projeto, que revisem e acompanhem o trâmite a cada passo. Peguem os áudios das fitas Master - pois a definição é melhor - e por favor, lancem Jiban completo, com os capítulos que faltam alguns pedaços de áudio (como por exemplo o 30 - O Misterioso Ataque ao Ator) e os dois últimos capítulos dublados. Sim, eles existem, e já sabemos disso. O próprio José Roszemblits, proprietário da Top Tape já afirmou. Não precisam gastar dinheiro nem perder tempo com redublagem ou a dublagem dos últimos episódios, pois isso aumentaria a ira dos fãs. A dublagem é responsável por no mínimo 80% do fator nostalgia, o que impulsiona muitas vendas, e todos sabemos disso. Façam uma legenda baseada em tradução, e não na cópia das falas dubladas. São “pequenas” coisas que elevarão o grau de confiança e satisfação dos clientes para com a empresa, que vem deixando a desejar com os lançamentos de tokusatsu, infelizmente.

Assim, este foi o resultado que os fãs tiveram, numa das séries de maior repercussão entre os simpatizantes do gênero, na época de sua exibição original (1989) e reprise (1999). De certa forma ela foi imortalizada, mas acredito que novamente falo em nome de inúmeros fãs de tokusatsu quando digo que esperávamos um pouco mais. O grande atrativo do lançamento sem dúvida foram as latas (com um design moderno e arrojado), os Boxes brilhantes e a camiseta.

No entanto, nessas conversas com o Sr. Fucci, e após saber que o Ricardo Cruz está novamente envolvido no projeto, traduzindo o Flashman (atenção caros leitores, antes de criticá-lo, lembrem-se que o lançamento que ele mais acompanhou foi o Jaspion; Changeman apenas traduziu e cedeu material para os extras e Jiraiya não colocou a mão em nada!), resolvi dar uma nova chance para a empresa e comprarei os 2 boxes na pré-venda (a previsão é Novembro), e se tiver sorte novamente, serei um dos primeiros a receber a coleção, devido a minha vantagem geográfica, por morar relativamente perto da capital. Quando receber, faço questão de perder o dia no trabalho (tenho algumas folgas em haver) e vou me dedicar a analisar minuciosamente o trabalho da Focus. Aguardem um mega Review. E espero, de coração, que seja muito positivo.

*Levantei essa questão há algumas semanas no Fórum, fazendo uma analogia com as novelas da Rede Manchete (Pantanal, Dona Beija e Ana Raio & Zé Trovão) que foram e continuam sendo exibidas diariamente pelo SBT sem nenhum tipo deterioração no som e imagem, mas estas fitas também deveriam estar presas no acervo da massa falida, e no entanto, estão por aí, ninguém sabe como. O que me garante que as fitas de todos os enlatados que a emissora carioca exibia também não está na mão de alguém, contendo a série inteira do Jiraiya com som de CD e com todos os capítulos completos? Mistérios e mais mistérios...

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O Futuro de Wendel e Goku

Essa é a imagem que melhor demonstra a realidade do dia de hoje em relação a situação de Dragon Ball Kai no Brasil. Goku de costas, representando uma gigantesca incerteza.

Um alvoroço enorme tomou conta da internet em todos os cantos onde a palavra Dragon Ball era mencionada, justamente quando de manhãzinha, o Dublador do maior herói dos animes declarou que DB Kai foi para BKS. Refleti bastante por alguns dias e todos os motivos me levaram a decidir por não dublar lá. Tá na mão do cliente”. Um balde d’àgua gelada caiu sobre as cabeças dos inúmeros fãs que o seriado tem ao redor do país.

Muito se foi falado em comunidades do Orkut, Fóruns de Discussão, Portais e Blogs, tentado literalmente achar um culpado por tudo isso. Uns culpam a BKS, empresa contratada para fazer a Versão Brasileira do Anime, outros culpam o Luiz Angelotti, licenciador das produções da Toei Company no Brasil, e alguns culpam até mesmo os dubladores.

Como a postagem anterior rendeu muitos comentários (e agradeço a cada pessoa que tenha disposto de seu tempo para ler minha simples análise), resolvi fazer uma segunda parte do assunto, comentando mais algumas coisas.

Pra mim particularmente, Dragon Ball foi a única série que igualou ao abalo que Os Cavaleiros do Zodíaco proporcionaram em 1994/ 95 no Brasil. Tenho todas as edições da revista Herói no meu acervo, e como na época não tinha computador, eu ficava abismado lendo as matérias sobre a série, e sonhava um dia poder ver esses capítulos no Brasil. Tinha um Snes (o Super Nintendo) na época e jogava quase todo dia o Dragon Ball Z Super Batouden 3, imaginando como era a história por trás da raça dos Saiya-Jins. Lembro-me até hoje de ter visto, no início de 1999 uma vinheta com várias imagens aleatórias, explosões, cenas de luta e uma frase no final: Dragon Ball Z, breve, no Cartoon Network. Confesso que perdi o sono, de tão histérico que fiquei. Foi paixão a primeira vista. Uma animação surreal, trilha sonora marcante e a imponência de um herói nipônico, atitude essa que me cativa desde criança, quando vi o primeiro herói da linhagem na tela da Rede Manchete.

Já conhecia de longa data o trabalho do Wendel Bezerra (desde Jaspion, em 1986) e na hora reconheci sua voz. As outras vozes também não eram estranhas: Fábio “Ash” Lucindo, Tânia “Chun Li” Gaidarji, Raquel “Lady Kaira” Marinho, Wellington “Saito” Lima, Alfredo “Brock” Rollo e Daoiz “Sorento” Cabezudo foram as primeiras vozes que identifiquei. Depois outros personagens marcantes foram aparecendo, e dentre eles meu preferido: Freeza, na voz do gigantesco Carlos Campanile.

E assim foi, comigo deixando de sair com os amigos, perdendo algumas festas e até dias de aula pra assistir e gravar a animação. Em 2.000 eu comecei a trabalhar fora e fazer faculdade, e literalmente pagava meu irmão pra gravar pra mim o seriado, isso quando eu não pegava um trecho da reprise às 00:30 hs.

No começo do ano fiquei sabendo do lançamento do Dragon Ball Kai no Japão, uma versão enxuta da série (que inicialmente teve 291 capítulos; agora reduzida para cerca de 100), com nova colorização e dublagem e automaticamente pensei: “Será o máximo quando chegar ao Brasil!” E eis que chegou, mas bem diferente do que eu imaginava.

Há algumas semanas já se especulava que as dublagens começariam em breve, mas ninguém sabia de nada. Historicamente, Dragon Ball começou na Gota Mágica, sob a direção do magnífico Gilberto Baroli, tendo Noeli Santisteban como o pequeno Goku. Essa fase durou apenas 60 capítulos, pois o SBT amordaçou o desenho, escondendo-o nas manhãs de sábado. Mesmo assim a animação por si só dava picos de audiência, chegando a deixar a frenética Xuxa em segundo lugar na audiência. Mas não teve jeito. A atitude sem lógica do Sr. Silvio Santos frustrou todos os telespectadores ao decidir não renovar junto a Alien International o contrato de exibição e a compra de novos capítulos. O maior sucesso da animação japonesa foi “podado” no Brasil.

No final dos anos 90, alguns filmes (OVA’s) foram dublados para a exibição no Pay-Per-View da Sky, e eu cheguei até a gravar alguns, mas desgravei posteriormente. Desta vez, Goku foi dublado pela Márcia Gomes.

Eis que em 1999 a Álamo recebe a tarefa de “continuar” a série, pulando os episódios 61 ~ 153 e dá início a dublagem da Fase Z. Nada foi aproveitado da primeira dublagem, mas o trabalho saiu tão bom que os fãs nostálgicos ficaram contentes. E assim foi até o fim da monótona saga GT. Finalmente enxergando o potencial da série, a Globo (e posteriormente o Cartoon Network) adquire novamente a primeira fase e manda dublar na DPN, passando por uma meteórica (e confusa) redublagem na Álamo, deixando até mesmo os fãs mais atentos perdidos. Acredito que todos os especiais lançados no Japão tenham sido lançados no Brasil em VHS, embora nem todos foram feitos na Álamo. Enfim, a Versão Brasileira ÁLAMO prevaleceu. E fez história.

Sempre achei que os heróis nipônicos tiveram dubladores excelentes no Brasil, todos no mesmo nível dos japoneses. Tooru Furuya e Hermes Baroli para o Seiya, Masako Nozawa e Wendel Bezerra no Goku, Toshihiko Seki e Marcelo Campos no Shurato, dentre outros.

Mas o que se tem dito a respeito dos 3 grandes vilões por trás do já considerado fracasso de Dragon Ball Kai é o assunto principal. Vamos à ele:

1º - BKS: Como já havia dito na postagem anterior, a empresa tem uma herança histórica e cultural inegável, mas apenas isso não é suficiente pra alavancar o sucesso nos dias de hoje. Tudo é muito corrido, muito caro, e num ritmo alucinante. É comum ver dubladores clássicos enojados do atual cenário da Arte, abandonando o ramo e nostálgicos pela época em que a arte era arte, onde todos dublavam junto. Mas o caso é que se a empresa ainda está por aí, firme e forte, alguma coisa de bom ela anda fazendo! Até onde uma firma falida, sem clientes e sem trabalho agüenta manter as portas abertas, só porque no passado foi uma Mega Empresa? O passado é justamente passado. Ainda quero acreditar que a BKS tentou fazer tudo certo, pois 90% dos dubladores com quem conversei foram contatados, e ainda digo mais, aposto que os outros personagens que ainda aparecerão terão seus dubladores clássicos convocados. O que acontece é que por algum problema acontecido durante certo período da história, o estúdio ficou queimado, tanto pelos Dubladores quanto pelos fãs que acompanham as séries lá dubladas. Mas aí é que fica a pergunta: O que tanto aconteceu? Alguém foi maltratado? Não recebeu? Foi forçado a fazer algo antiético? Humilhado? Isto ninguém sabe, e até agora ninguém se dispôs a falar. Talvez esse seja um mistério que vá ficar pra sempre entre a casa e os dubladores;

2º Dá Licença: Empresa do Sr. Angelotti que está intermediando o que a Toei está arquitetando para seus seriados. É impossível acreditar que o Sr. Luiz não está por dentro de tudo o que está acontecendo. O que fica difícil de apurar é se ele tem PODER pra intervir, ou simplesmente quem dita as regras é ÚNICA e EXCLUSIVAMENTE a Toei Company. Acredito que isso possa ser verdade, pois a Focus Filmes teve problemas parcialmente explicados pelo seu Representante Comercial, o Sr. Afonso Fucci, quando do lançamento do Jiraiya, o Incrível Ninja em DVD. As imagens eram as mesmas dos DVD’s piratas. Isso resultou num rebuliço sem tamanho, que até hoje rende farpas quando o assunto é revivido. A Toei não deve levar em consideração o que os fãs querem, pois ela sabe da qualidade e da repercussão de seu produto no mundo afora. Saint Seiya é Saint Seiya, Dragon Ball idem. Pra que se preocupar? Bota outra voz no Goku e acelera o trabalho! Infelizmente, pelo que tenho de “experiência”, é assim que funciona. O Capitalismo sempre fala mais alto, além do que as séries foram feitas pra dar lucro DENTRO do Japão, e isso elas já fizeram, e muito bem. O que arrecadar no resto do mundo, literalmente “tá bom, deposita na nossa conta”. O mercado é cruel;

3º - Dubladores: já tem gente perdendo o sono e revivendo os mesmos pesadelos da época da mudança de estúdio de Cavaleiros da Álamo pra Dubrasil. Andam acusando o Wendel Bezerra (Son Goku) e Wellington Lima (Raditz/ Majin Boo) de que “só não vão dublar na BKS porque se fosse pra Álamo, onde são diretores, ganhariam duas vezes”, e “A Álamo é que está forçando-os a não dublar, pra tentar trazer o anime de volta pra eles”, além de outras afirmações. É fato que ambos foram diretores da Fase “Z”, mas pra mim isso é uma mera coincidência. Poderia ter sido qualquer outro. Não enxergo grandes conspirações por trás desses atos. Minha singela opinião me diz que ambos, Wendel, Wellington e Álamo são superiores a isso, e não precisam de atitudes desse calibre para se sobressair. Todos tem uma história própria, carreira exemplar, personagens de sucesso independente de Animes, além de grandes amigos que acompanham e admiram suas posições, e esse tipo de promoção ninguém consegue sozinho, por mais que seja bom – tudo depende de amizade e bom relacionamento social. Wendel é um profissional que dispensa comentários, tem a veia artística aguçada e atua na dublagem desde sempre. Sua voz serena, se encaixa em diversos personagens, com uma maestria ímpar. Também é diretor e escreve músicas, enfim, um ator nato. O próprio postou agora há pouco no Twitter sobre o seu sentimento ao decidir não fazer o Goku:

@Wendel_Bezerra

Amigos! Goku foi o maior presente que tive em mais de 28 anos de carreira. Ninguém sente o que estou sentindo. Esperei loucamente por DBKai

@Wendel_Bezerra

mas um homem se faz de escolhas e nessas condições, pra mim, é impossível. Quero Goku com minha voz mais do que ninguém, mas nesse...

@Wendel_Bezerra

momento, não depende mais só de mim. Talvez este seja o momento de descobrirmos o quão é importante o trabalho de um profissional e ...

@Wendel_Bezerra

qual é a força que possui os fãs e o público de Drago Ball e se eles são realmente respeitados pelo distribuidor. Hj me falta um pedaço.

Agora eu pergunto: estaria ele fazendo charme ou sendo tão falso a ponto de montar uma novela em torno desse alvoroço todo, só pra se promover? Ele precisa de joguinhos do tipo “ou faz na Álamo ou não faço?” Não o conheço pessoalmente, nem sequer nunca tive a oportunidade de trocar um só e-mail com ele, mas eu tenho minhas crenças. Eu acredito nele.

Finalizando, repito o que já disse em vários lugares, inclusive em ReTwitts diretamente para ele mesmo: Enxergo tudo isso como um acontecimento inédito na dublagem, um fato de uma magnitude que não podemos calcular seu tamanho e tampouco suas conseqüências. Mas uma coisa é certa – haverá mudanças que entrarão pra história, não sei dizer se positivas ou negativas, mas será o ponto final de uma longa história na arte e ao mesmo tempo inicia-se um novo parágrafo. Quem vai ser beneficiado e quem vai sofrer com isso? Não sabemos. Talvez os fãs, talvez os profissionais. Mas acredito que chegou a hora de cada um mostrar sua força e literalmente fazer diferença numa balança: Ou a Empresa, ou o Ator, ou o Fã. Quem vencerá essa batalha? Quem é o real inimigo? Isto é, existe algum inimigo? Existe sequer uma batalha? Só o tempo vai dizer.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Dragon Ball Kai na BKS

Muito foi falado nesta semana que passou a respeito da dublagem do anime Dragon Ball Z Kai, que entre gostos e desgostos foi finalmente definido por parte da Toei Company, que o estúdio que fará a Versão Brasileira da animação será a BKS.


Uma chuva de revolta e hostilidade por parte dos fãs tem sido visto com frequência na internet, acusando a empresa por seus trabalhos questionáveis em séries mais antigas, como Samurai X (1999) e Sailor Moon R (2000). Até onde tenho acompanhado, o Portal JBOX foi o primeiro site a confirmar a notícia. Assim, gostaria de dar a minha opinião e fazer minha singela e despretensiosa análise.

A BKS é um estúdio que, gostem ou não, é tradicional em São Paulo historicamente, pois é a herdeira legítima da lendária A.I.C. - SP. É fato que filmes extraordinários tiveram suas adaptações feitas no estúdio, que na época dispunha de uma qualidade sonora um pouco aquém de outras casas (como a Álamo), mas que foram brilhantemente dirigidos e interpretados por atores gabaritados, ofuscando esse “detalhe” da parte técnica. De Volta para o Futuro é um excelente exemplo, trilogia esta feita a partir da segunda metade dos anos 80, com direção de Denise Simonetto, estrelando Orlando Viggiani, Eleu Salvador, Neuza Azevedo, Renato Marcio, dentre outros. O trabalho foi tão bem aceito que ainda hoje os fãs lamentam a falta da Dublagem clássica na coleção de DVD’s. Mais um excelente exemplo foi o filme dos Caça Fantasmas, da mesma época, outro trabalho nota dez do estúdio, estrelando Ézio Ramos, Antonio Moreno, Flavio Dias e Jorge Barcellos.



Em 1991, a mesma Denise Simonetto recebeu mais uma série para dirigir que ficaria na história, na onda dos seriados japoneses que tomava conta das cabeças das crianças do país: Cybercop, os Policiais do Futuro. Novamente estrelando Orlando Viggiani, também teve a participação de um elenco bárbaro que dispensa comentários: Flavio Dias, Luiz Antonio Lobue, Eudes Carvalho, Francisco Borges, Neuza Azevedo, Márcia Gomes, Tatá Guarnieri, Mario Jorge, Carlos Campanile, Drausio de Oliveira, Arlete Montenegro e Guilherme Lopes foram os protagonistas de uma série pobre na produção, mas rica em carisma e enredo. E assim vem sendo desde então, a BKS seguindo sua vida, fazendo seus trabalhos (especializada em novelas mexicanas) e sendo rotulada pelos fãs como uma empresa que “tem práticas obscuras”, "desonesta" e que “pagam mal os artistas”, levando em consideração a postura de alguns dubladores que por algum motivo (cujo os quais não estou questionando), optaram por não mais trabalhar para o estúdio.


Não estou aqui para defender nem acusar ninguém, pois não pertenço a classe de dubladores, e tampouco sou funcionário da empresa. Então não vou entrar em maiores detalhes sobre os reais motivos que levaram a casa/ profissionais a não serem mais parceiros. Desde que o mundo é mundo, pessoas se desentendem, as vezes por motivos pessoais, outras vezes profissionais. Seria uma utopia se nós fãs quiséssemos que com a classe de Dubladores fosse diferente: todo mundo se relacionando bem, sempre.


Chegando finalmente ao ponto alto da discussão, vou tecer minha opinião: Não existe fundamento em acusar e culpar uma empresa por erros do passado, deduzindo que os mesmos problemas uma vez acontecidos voltarão a se repetir. Eu explico, baseando-me num exemplo: Não é porque tivemos um trabalho sofrível em relação a tradução e adaptação de Samurai X que podemos deduzir que tudo que aconteceu de errado com esse anime vai acontecer com o Dragon Ball Kai. O tempo passa, as coisas mudam, pessoas evoluem, e seria muita ironia de uma empresa ficar dez anos parada no tempo cometendo os mesmos erros e continuar na ativa, firme e forte. No atual modelo de mercado capitalista e extremamente concorrido, quem não tem um diferencial, abre falência. Perde mercado. Não se mantém.




Samurai X (Rurouni Kenshin para os íntimos) é uma animação focada no Japão Feudal, numa época de transição política do regime Tokugawa para a era Meiji, com muitas (mas muitas mesmo) referências à cultura oriental de raiz, e que de forma alguma se assemelha com qualquer fato da história da nossa cultura ocidental. O problema maior foi fazer uma adaptação baseado numa história em que o próprio encarregado do trabalho desconhecia os fatos. Acredito que quando o anime chegou para ser traduzido, a versão recepcionada foi a americana, levando em consideração os capítulos que o Cartoon Network exibiu, que tinha como segunda opção de áudio o Inglês. Isto é, já não foi a versão “pura” que desembarcou por aqui. Os gringos - como é de costume - tem o péssimo hábito de fazer suas próprias alterações (e não adaptações, pois alteram livremente o contexto da obra sem qualquer tipo de receio), obrigando questões culturais de países diversos a encaixar nos contextos da vida na América (American Way of Life). Agora, imaginem o tradutor de um anime complexo como este, recebendo uma versão já picotada, e tendo pouco conhecimento da cultura nipônica, o resultado que podia dar. É o que conhecemos. Longe de mim julgar a capacidade do responsável, mas tenho comigo que ele foi tão vítima da situação quanto o estúdio.




O mesmo fato aconteceu com Os Cavaleiros do Zodíaco em 1994, que todos vocês leitores bem se lembram. A Gota Mágica, por intermédio de seu diretor Gilberto Baroli, fez um trabalho marcante, escalando profissionais que casaram com seus personagens e se tornaram história. Mas garanto que todos também se lembram dos inúmeros erros grotescos no decorrer dos capítulos. Passado muito tempo (cerca de dez anos), é que ficamos sabendo o porquê de tudo. As fitas que vieram foram as Mexicanas, com áudio em Espanhol e Script em Inglês. E adivinhem só: o conteúdo não batia! E o que fazer? Simples, o que foi feito. E por causa disso o grande vilão da história foi o Baroli? Só se considerarmos o fato que ele dublava o Saga de Gêmeos...


Voltando ao caso do Samurai X, que chegou numa, podemos dizer, segunda etapa da febre dos animes no país (iniciada pelos Cavaleiros [94], seguido de Street Fighter Victory [95], Rayearth, Sailor Moon, Fly, Shurato, Samurai Warriors, Dragon Ball [96], e Yu Yu Hakusho [97]), e que não havia estrutura suficiente para dar as produções japonesas um tratamento merecido no sentido de tradução e adaptação, acabamos presenciando as alterações constantes de fatos históricos, nomes de personagens/ golpes e as demais falhas no desenho do Espadachim Retalhador. Não que a Direção (que segundo dados de internet foi feita pela experiente e gabaritada Márcia Gomes) não tenha cometido falhas, como as constantes mudanças de vozes, pronúncia dos nomes dos personagens dentre outros tropeços, mas particularmente eu não atribuo o maior percentual da culpa ao estúdio, pois as vozes dos protagonistas e principais inimigos foram escolhidas a dedo, e novamente certeiras: Tatá Guarnieri, Denise Reis, Rodrigo Andreatto, Affonso Amajones, Patrícia Scalvi, Emerson Camargo, Paulo Wolf, João Batista, Márcia Regina, Fabio Lucindo, Alexandre Marconatto, Felipe di Nardo, João de Ângelo, Fátima Noya, Sergio Corcetti, etc. O próprio Tatá comentou comigo uma vez que o trabalho - na sua opinião - tinha ficado “legal”, apesar do “baile” que tomavam da tradução. Também me disse que os capítulos chegavam em lotes, o que atrapalhava a continuidade do trabalho. Provavelmente esse fato é o resultado das mudanças de vozes. Não há diretor que dê conta de tantos percalços. E ele não tem razão? Quem realmente é fã (como eu), pôde acompanhar também a versão legendada da obra, feita pelo Fansubber TNNAC, e pôde comprovar o excesso de notas do tradutor que tiveram que inserir para explicar os inúmeros detalhes da cultura oriental contidas na obra. E como poderiam fazer um trabalho tão impecável na dublagem, sem a facilidade de pesquisa que temos hoje com a internet, por exemplo? Difícil.




Mais um exemplo: O caso Sailor Moon R foi um pouco diferente. Não no quesito tradução/ adaptação, que acredito eu tenha passado pelo mesmo trâmite do Samurai X, só que desta vez com mais acertos, uma vez que o seriado seguia uma linha clichê de séries envolvendo super heróis. A Direção, novamente feita pela Márcia Gomes, deixou os fãs mais conservadores indignados por não aproveitar nada da primeira versão da Dublagem, feita nos estúdios da Gota Mágica, pelas mãos do já citado Gilberto Baroli.

De todas as protagonistas, apenas a Marli Bortoletto foi chamada para retornar ao seu papel pioneiro. Na época, a profissional alegou que não poderia fazer, pois estava com a agenda lotada, o que comprometeria o andamento da série. Daniella Piquet, filha da dona da BKS, a Sra. Pierângela, assumiu a voz da heroína.


Essa versão divide opiniões, pois em suma, foram escaladas dubladoras mais jovens para as meninas, diferente da versão clássica, que contava com atrizes experientes, como é o caso da Gilmara Sanches, Christina Rodrigues e Isabel de Sá. Muitos fãs gostaram da escalação da BKS, dizendo que as moças (Melissa Garcia, Fernanda Bullara e Priscila Concepcion) eram mais condizentes com a idade das garotas.


O fato é que os animes passaram a ter uma importância maior para os distribuidores somente a partir de 2003, quando resolveram relançar justamente o primeiro sucesso dos anos 90, que foram os Cavaleiros do Zodíaco. A princípio, assim como Sailor Moon R (e as demais fases), todas as vozes seriam mudadas, mas os inexpressivos fãs (até então, pois não havia um contato entre fã/ dublador/ distribuidor) fizeram um movimento inédito em prol da volta das vozes originais, e que funcionou com um despertador para os engravatados por trás do projeto no sentido de que a opinião do fã tem sim muita importância. Esse Feed-Back entre consumidor Vs. vendedor era algo que valia apena prestar atenção. Resolveram, finalmente, fazer um trabalho ímpar, desde a tradução até a finalização do trabalho para veiculação do desenho: Marcelo Del Greco, jornalista que esteve por trás de todas as matérias referente a série nos tempos da finada Revista Herói, participou ativamente da tradução – desta vez direto do japonês – sem esquecer-se das falas, nomes e bordões que se tornaram “Cult” para os fãs da primeira Dublagem. Resultado: um trabalho excelente, com quase 100% de acertos, e que teve uma aceitação positiva tanto pelos fãs da versão da “Rede Manchete”, quanto pelos novos espectadores. De lá pra cá, com o lançamento de vários títulos em Mangás no país, a Editora JBC criou um grupo de tradutores especializados (justamente liderados pelo Del Greco), que auxiliam em traduções e adaptações para quase todas as animações japonesas que desembarcam em terras tupiniquins desde então. E novamente estão à frente do projeto Dragon Ball Kai.


Finalizando, façamos uma análise fria, baseada em fatos, sem se deixar levar pelo sentimento: Com os cuidados que estão tomando com a tradução e adaptação (que ainda está longe do tratamento que a Disney, por exemplo, tem com suas produções no Brasil), com a qualidade sonora que a BKS possui atualmente (totalmente nivelada com outras casas de São Paulo), a direção de um(a) experiente profissional e o acesso a dados simples que a internet proporciona, qual a chance do trabalho sair PÉSSIMO? Acredito que muito baixa, pra não dizer nula. Com uma rápida consulta que leva pouco mais de um minuto, encontrei vários sites que disponibilizam o Cast de Dublagem da Versão da Álamo de Dragon Ball Z, com uma exatidão muito grande nas informações. Será que apenas eu tive essa brilhante idéia? Nenhum Diretor/ Coordenador da BKS pensou nisso? Difícil...


Acredito que a única preocupação que nós fãs temos que ter, é referente aos profissionais que não dublam mais na casa. Isso realmente é um fato relevante. Já tenho a confirmação de que o Wendel Bezerra (Goku) já foi escalado e dublará já no primeiro dia (08/09). Idem com a Tânia Gaidarji (Bulma). Fátima Noya (Gohan) também já possui data marcada na escala. Raquel Marinho (Chichi) até o momento não foi contatada pelo estúdio, mas está disposta a dublar, caso seja chamada. Rita Almeida (Pual) e Angélica Santos (Oolong) se encontram na mesma posição. Wellington Lima (Raditz) já recebeu a ligação, mas não sabe se vai fazer, já que não trabalha para a BKS. Já vi fãs contatando o Carlos Campanile (Freeza) pelo Orkut, querendo saber se ele foi chamado. Até o momento não. Mas precisamos acompanhar a dublagem no seu dia após dia, e não ficar tentando saber se já chamaram o Figueira Junior ou a Eleonora Prado pra dublar os Andróides nº 17 e 18. Eles aparecem bem mais pra frente! No momento temos que voltar a atenção aos personagens que aparecem nos primeiros episódios: Gileno Santoro (Kame), Fabio Lucindo (Kuririn), Luiz Antonio (Piccolo), Fabio Tomasini (Kami Sama), Cesar Marchetti (Sr. Poppo), Zaíra Zordan (Uranai), Vagner Fagundes (Yajirobe), Marcio Araujo (Yamcha), Alexandre Marconatto (Ten Shin Han), Márcia Regina (Lunch), Úrsula Bezerra (Chaos), Alfredo Rollo (Vegeta) e Guilherme Lopes (Nappa). A expectativa fica por conta das escalações das novas vozes para o Rei Cutelo, Enma Dai Oh e o novo Narrador, substituindo o saudoso Daoiz Cabezudo.


Com o tempo, novos personagens vão aparecendo, e com eles, novas dúvidas. Em séries desse tripo, costuma-se gravar uma média de 5 episódios por semana, segundo informações já divulgadas por outros diretores de outras casas de dublagem. Estamos acompanhando de perto e torcendo para que tudo dê certo.