sábado, 26 de fevereiro de 2011

Flashman Box 2 da Focus - Pré-Lançamento

Daqui praticamente um mês, se não houver nenhum atraso, acontecerá o lançamento do segundo box do Comando Estelar Flashman, contendo os episódios 26 ~ 50, fechando assim mais um lançamento de uma série tokusatsu pelo selo Focus Filmes.

Tudo indica que não vai atrasar, pois inclusive o Submarino já está com o produto no site, mas ainda não existe preço disponível e nem possibilidade de compra pela pré-venda.

Embora o primeiro lançamento tenha tido algumas ressalvas, previamente abordadas aqui, podemos dizer que foi um bom lançamento. Agora, fica a expectativa para a segunda etapa, e novas perguntas assolam os fãs. "Será que tal coisa será consertada? Será que farão isso ou aquilo?" Etc, etc...

Afim de tentar esclarecer o máximo possível de interrogações, contatei novamente o Sr. Afonso Fucci, que me atendeu prontamente, agradecendo o apontamento de algumas "anomalias" que existiram no Box 1, e indicando atitudes que podem fazer diferença e deixar todo mundo satisfeito no lançamento seguinte. Ou pelo menos a maioria. Conversando, chegamos às seguintes questões, que, segundo o profissional, acontecerá da seguinte forma:

1º - Imagem: exatamente igual aos 25 capítulos iniciais, uma vez que a fonte é a mesma: Imagem enviada pela TOEI. Inclusive foi feito um comparativo de imagem por mim, e que depois foi levantado no Fórum Tokubrasil uma suspeita de que a imagem seria dos Filmes da série, que possuem uma qualidade superior, então peguei a imagem da Focus e comparei com a imagem do DVD da Toei, ao qual tive acesso apenas ao disco 01. São EXATAMENTE iguais. A versão brasileira não deve em nada a versão nipônica, confiram:

2º - Áudio: como de costume, será usada a dublagem retirada da fita U-Matic do Toshi, que depois de limpa, demonstra uma qualidade estupenda. Todos os áudios foram analisados e possuem qualidade padrão, sem falhas ou chiados, evitando o que houve com os capítulos 05 e 18 da primeira parte da coleção;

3º - Eyecatches: as famosas vinhetas do comercial, que tanta falta fizeram, estarão presentes nesta caixa. Foram editadas a pedido da própria Focus, uma vez que levou-se em consideração não apenas os fãs nostálgicos da série, mas também os demais consumidores que possivelmente queriam ver o capítulo como um filme, do começo ao fim sem interrupções. Em Jaspion, Changeman, etc, não houve esse corte, deste modo, em Flashman também não tinha o porque fazer, mas infelizmente aconteceu, e como não dá pra voltar atrás, pelo menos ficamos contentes em saber que deixarão de lado esta ação;

4º - Mídias: a ordem dos personagens na impressão dos discos também será revisada. Se existe dentro da própria série esta hierarquia (1 - Vermelho; 2 - Verde; 3 - Azul; 4 - Amarelo e 5 - Rosa), não há motivos pra não seguir o correto;

5º - Legendas: será redobrada a atenção para que não haja casos como o do capítulo 18, onde mesmo desabilitado a opção no Menu principal, a legenda era obrigatória. Provavelmente ela também não aparecerá na abertura e nem no encerramento, a não ser que seja habilitada pelo usuário;

6º - Capítulos: estão estudando a possibilidade de autorar o disco com seleção de capítulos, fato inédito até então nas séries japonesas. A formatação existente é de apenas um título por episódio, o que dificulta quando queremos ir direto para alguma parte específica do episódio, uma vez que pra chegar até lá, é preciso avançar o video como se fosse um video cassete, através do recurso fast forward. Provavelmente sairá em 5 partes: Abertura, Parte A, Parte B, Encerramento e Preview;

7º - Previews: ... ah esses previews dublados... é um caso sério. Amigos, é com grande dor que comunico-os que novamente não vai sair NENHUM preview dublado no segundo Box. Acontece o seguinte:

Foram analisadas TODAS as fitas do Toshi, e NENHUMA tem preview do capítulo seguinte. Ninguém sabe o por quê. Eu tenho uma teoria não comprovada:

Pelas fotos divulgadas através do portal Tokusatsu.com.br quando do início do processo de lançamento do Esquadrão, dava pra ver algumas datas escritas a mão nas caixas das U-Matic. As datas referem-se a época em que a Rede Record exibia a série, nas tardes de segunda à sexta. O caso é que a Record NUNCA exibiu nenhum preview, fato. Pra mim, essas fitas já eram um backup das originais exibidas pela Rede Manchete a partir de 1988. E a Manchete sim exibia os Previews. Com certeza o Toshi fez uma cópia, e nessa cópia, acabaram deixando de fora um "pequeno" detalhe, que eram os últimos 30 segundos de cada episódio...

Aí vem a pergunta: "E por que a Focus não pegou as originais?"

Talvez por causa do estado de conservação. Todos sabemos que o Toshi não é um exemplo de qualidade ao guardar material, e que as fitas de Jaspion e Changeman estavam em estado deplorável de bolor, devido ao mal armazenamento. Com certeza preferiram pegar as mais novas, de 1993, pra garantir melhor qualidade. O problema é que tiveram o azar de elas serem editadas...

Como eu disse e friso novamente, esta é uma teoria ÚNICA e EXCLUSIVA minha, pois nem o Afonso Fucci soube precisar esta informação. O caso é que as fitas que o Toshi deu são estas que foram usadas. Se haviam outras, aí é outra história...

Então, infelizmente, nem adianta nutrir nenhuma esperança, pois os techos não vão aparecer. A única parte do capítulo onde a legenda será forçada, será no preview, obviamente por que não há a dublagem.

Pra finalizar, ainda sobre o box 1, as 3 falhas de imagem ocorridas nos capítulos 01 (Dín no Tank Commando), 05 (Néfer/ Urk) e 06 (dentro do Cruzador Imperial) foram percebidas pela equipe de autoração, mas eram falhas nas matrizes japonesas. Optaram por não editar/ cortar com receio de dúvida a respeito da integridade da imagem. Eu acho que foi uma atitude bem tomada.

Assim, o Raio X do que deverá ser o final de Flashman está exposto. Agora nos resta torcer (e muito) para que o Jiban dê certo. Cruzem os dedos...

domingo, 13 de fevereiro de 2011

A história de Carlos Laranjeira

Jose Carlos Laranjeira Marques, ou simplesmente "Carlinhos" - como era carinhosamente chamado por seus familiares - foi um ator, dublador, modelo e cantor brasileiro. Natural de Santos - SP e caçula de uma família de 6 irmãos, pôde, por intermédio da dublagem, deixar cravado nos ouvidos das crianças dos anos 80 o sinônimo de herói, em sua maioria, de olhos puxados.

Nasceu em 10/07/1956, e seu trabalho chegou até mim em meados dos anos 80, por intermédio das tão aclamadas séries japonesas importadas pela Everest Video e dubladas na Álamo. Já em 1986, deu vida ao Boomerman, o amigo do Jaspion, interpretando um papel não tão grande, mas digno de admiração. Fez também algumas pontas em Changeman, mas foi na pele do Francês Pierre Bonaparte, do Comando Triplo Dolbuck, que o trabalho do Laranjeira teve mais destaque.


Em seguida, cerca de pouco mais de um ano, foi escalado pelo inigualável Líbero Miguel para co-estrelar mais uma série nipônica, ao lado de jovens talentos que vinham desabrochando nesta época, como Francisco Brêtas e Christina Rodrigues; e assim, ao lado de Lúcia Helena Azevedo e Eduardo Camarão, surgia o Comando Estelar Flashman, série que foi lançada em DVD no finzinho de 2010, e já abordada neste blog.

Com o boom desse nicho de seriado na TV daquela época, mais séries tokusatsu foram chegando, e Laranjeira disseminando seu talento. Mas aqui cabe um parêntese: Em 1989, a Rede Globo, que não tinha um histórico de proximidade com produções oriundas do Japão, estréia um anime chamado Zillion, exibido aos Domingos daquele ano. De um momento para outro, a animação cai no agrado dos "baixinhos", e a qualidade da animação - aliada ao carisma de seu protagonista J.J. - consagram de vez o casamento perfeito entre personagem/ dublador. E quem estrelava o seriado? Sim, o Laranjeira.


Logo, chegaram mais 2 séries na tela da Manchete, desta vez por intermédio de um novo distribuidor, a Top Tape: Jiraiya e Lion Man. Novamente o ator participou ativamente da dublagem, fazendo a voz de um alidado do Ninja Olimpíada e algumas pontas e vozeirios no seriado do Homem Leão. Mas o destino reservara à ele um novo protagonista na próxima série a chegar no Brasil: Jiban, o Policial de Aço, uma espécie de "Robocop" japonês que subitamente caiu no agrado das crianças e marmajos que se deliciavam em frente a telinha da Manchete.


Mais séries desembarcavam, e Laranjeira sempre estava por lá, seja em pequenas pontas (como em Machineman, Goggle V e Metalder) ou personagens coadjuvantes, como o Capitão Gyaban no seriado Sharivan. Nas 3 últimas séries dessa época, co-estrelou novamente Maskman, fazendo o Kênta/ Black Mask, e fez pontas em Spielvan e Black Kamen Rider.


Depois disso, a febre foi cessando, e os seriados foram levados em "banho Maria" na TV, e aos poucos desapareceram. E com eles, a voz do Carlos. Eu, que já tinha meus 12 anos, continuava vendo programas dublados, a maioria pela própria Álamo, local onde o profissional "reinava", mas sentia falta daquele timbre marcante. Vi Doug, Mundo de Bobby, Homem Aranha, Mortal Kombat, Beakman, Street Fighter, os (muitos) animes da Gota Mágica, dentre outros programas, e nada de sua voz.

Mais pra frente, já no final dos anos 90, tive a oportunidade de acessar a internet pela primeira vez. Dentre outros assuntos, dublagem foi um dos que pesquisei, e assim, cheguei a triste informação de que esse dublador já havia falecido. Fiquei triste, mas jamais me contentei com essa informação "vaga". No entanto, naquele momento, nada poderia ser feito.

Muitos anos se passaram, e desde o final de 2006, quando botei na cabeça esse meu projeto individual de pesquisa sobre dublagem, pude amadurecer um pouco esta idéia. Foi então que cheguei onde queria, depois de muito, muito pesquisar.

Encontrei ninguém menos que a Nancy Marques, a sobrinha do Carlinhos. E foi aí que consegui a declaração MARAVILHOSA que tenho a honra de compartilhar com vocês, caros leitores: abrindo as aspas para contar - por intemédio da sobrinha e seus familiares - a vibrante história deste profissional ímpar:

“Meu tio percorreu um longo caminho, nem sempre fácil, mas que lhe permitiu dizer: ”VIVI”.

Ele começou sua carreira ainda muito novo, em meados dos anos 60 como cantor, na Rádio Atlântica, fazendo o teatrinho de brinquedo, ao lado de outro menino do morro, Luiz Américo.O passo seguinte foi a televisão, os programas de Calouros. Meu tio participava de todos e chegava até a final, mas então era desclassificado por ordem de superiores, pois naquele momento não era interessante um desconhecido ser o grande vencedor, assim, sempre tinha algo que o prejudicava no final das contas.

Ele sempre impressionava os maestros porque tinha muita facilidade de cantar qualquer ritmo, mesmo nunca tendo feito aulas de canto. Numa dessas apresentações, Canarinho que na época fazia o Sítio do Pica-Pau Amarelo, viu e gostou. Ele tinha um programa na extinta TV Excelsior - Canal 9, e meu tio foi participar do quadro de calouros (pela minha pesquisa o único que soube aproveitar o talento dele foi justamente o Canarinho), passou por todas as eliminatórias e saiu finalmente vencedor. Após essa vitória, novos convites apareceram, entre eles para fazer “Essa Gente Inocente”, no mesmo canal 9.

Nesta época, Agnaldo Rayol - no auge da carreira – era o Rei da Voz, (pelo que pude descobrir ele tinha um programa na Record, viu meu tio e pediu para convidarem-no para participar do concurso o Rei da Voz Infantil. Meu tio cantou a música “A Tua Voz”, do próprio Rayol. Em determinado momento, Agnaldo entrou em cena, pegou-o no colo, e sob aplausos da platéia, cantaram juntos. Quando ele voltou pro morro, todos queriam dar os parabéns. Ele era realmente um sucesso!!

Em 1970, começou a fazer teatro amador, primeiro no colégio, depois no movimento de Ação Secundarista. Decidido que era o que queria para si próprio, voltou para São Paulo afim de se profissionalizar. Fez teste e foi aprovado para trabalhar na peça “Lambe Beiço e Seu Criado Cata Farelo”, dirigida por Amilton Monteiro, e que tinha no elenco atores da consagrada TV Tupi. Atuou também nas peças “Flauta Mágica”, dirigida por Kleber Afonso, “A Verdadeira História de Pinocchio" (onde obteve a indicação para o Prêmio Revelação do Ano), “A Bela e a Fera” com Laura Cardoso no elenco (em 1987), e um ano antes fez "Evita".

Então, em 1976 ele começou a fazer comerciais para TV, conseguindo projeção com o comercial do Sorvete Copa de Ouro. Neste período, entre 1976 até 1979 fez mais de 70 comerciais. Logo em seguida procurou Alexandre Labianco, mas naquele momento não havia nenhum trabalho, só que pouco tempo depois, como Alexandre já sabia do talento dele, o convidou para participar da telenovela Roda de Fogo, na Tupi. Assim, com a graça de Deus, novas portas começaram a se abrir, e acabou fazendo “O Direito de Nascer”, onde interpretou D. Jorge Luiz Bel Monte, quando jovem. Atuou ao lado de Beth Goulart, Susy Camacho, dentre outros. Paralelamente, fez no teatro “Sexo Furado” (também de Kleber Afonso), com Silvio Rocha e Liza Negri. Nas telenovelas, o coordenador Carlos Zara pretendia criar uma dupla romântica formada pelo Laranjeira e Susy Camacho, mas acabou não acontecendo, uma vez que Zara fora para a Rede Globo, e nesta época ele ficou desempregado, voltando para Santos. Um dia, Claudir Guimarães, o convidou para fazer uma remontagem de Pinocchio, e nesta mesma época outra telenovela, desta vez na TVS, “Anjo Maldito”.

Nas dublagens ele era muito conhecido por sua voz calma e suave, e fez inúmeros trabalhos como dublador, mas ficou realmente conhecido nos seriados japoneses, os chamados tokusatsu. Pegou a “febre” já começo, em 1986, fazendo Jaspion (Boomerman), Flashman (Go/ Blue Flash), Jiraya (Yanin Spyker), Naoto Tumura/ Jiban, Maskman (Kenta/Black Mask) e algumas pontas nos outros seriados do gênero. Nos animes deste período ele também gravava: fez a voz do protagonista J.J. de Zillion e o Pierre, no Comando Triplo Dolbuck.

Falam que ele fez o Raphael em As Tartarugas Ninjas - O FILME, mas não sei se esta informação é verídica.

Meu tio era um batalhador e adorava o que fazia, e tudo o que se propunha a fazer, era com imenso e intenso amor. Um eterno apaixonado pelas artes, seja ela em qual ramificação fosse.

Quero agradecer em nome de toda minha família, a todos os fãs do meu tio, e sei que onde quer que ele esteja, ele se sentirá muito feliz em saber que é lembrado ainda hoje por todos. Foi muito bom ter alguém como ele em nossas vidas, só quem o conheceu de verdade sabe o que foi cada sorriso, cada brincadeira, cada abraço, mas infelizmente não o temos mais aqui, e o que nos conforta desde sua partida é saber que muitas e muitas pessoas o admiram tanto quanto nós. Nossa família tem uma estrela, que mesmo longe continua a brilhar intensamente.

Muito obrigada Ivan, por você se esforçar para manter viva a memória do meu Tio Carlos Laranjeira.”

E como um artista nato e dono de uma voz linda, é claro que também foi cantor. Chegou a gravar um disco, com um estilo pop romântico no auge da carreira, lançado em 1991, mas devido ao seu falecimento, no dia 15/05/1993, não pode divulgá-lo e nem desenvolver nenhum tipo de trabalho em cima do álbum. Confiram a capa do Vinil e a lista de músicas contidas no lançamento:

- Bala de Hortelã;
- Coca e Poesia;
- Como uma Luz;
- Debaixo das Cobertas;
- Eletrizando;
- Luzes Neonescas;
- Rock B - à - Bá;
- Sinceramente.

Ouça um pot-pourri com um trecho de cada canção clicando aqui!

Veja a interpretação de Carlos Laranjeira na série Jiban, dialogando com sua inseparável amiga Lúcia Helena Azevedo:



Quero deixar registrados o meu ETERNO agradecimento a Nancy, que se propôs a levantar essas informações com seus tios da família Laranjeira, para que eu pudesse realizar esse sonho em saber e poder contar um pouquinho mais sobre a vida e a carreira desse marcante profissional que foi o Carlos Laranjeira. Sucesso eterno aí no Céu, Carlinhos.