terça-feira, 30 de agosto de 2011

Zodja Pereira fala sobre a nova Dublagem de Jiban

Não é novidade pra ninguém que a Focus Filmes deixou a cargo da Central Dubrasil a dublagem dos dois últimos capítulos da série Policial de Aço Jiban.

O segundo box, contendo os capítulos 27 ~ 52 estava com data prevista de lançamento para o dia 24/08/2011, mas algumas pessoas que pegaram na pré-venda já receberam seus boxes. Eu fui um deles, como você pôde ver aqui. Para sanar um pouco da curiosidade de todos os fãs da série, consegui uma entrevista exclusiva com a Zodja Pereira, Proprietária e Diretora do Estúdio, e que ao lado de Hermes Baroli, estiveram a frente deste projeto minucioso.

Havia (e ainda há, por parte de quem não viu) muita expectativa por parte dos fãs, pois todos queríamos saber se os dubladores clássicos voltariam a fazer seus personagens, como seria a seleção para as novas vozes, as adaptações, enfim, tudo.

Zodja, gentilmente foi cedendo as respostas às tantas perguntas vinculadas à esta versão, e autorizou a publicação desta entrevista. Falou sobre literalmente tudo, abertamente, sem se esquivar de nenhuma pergunta. Então, sem mais delongas, proporciono aos colegas este material inédito:

Como foi que a dublagem dos dois últimos capítulos de Jiban chegou até vocês?

Trabalhamos com a Focus Filmes há algum tempo. Lost Canvas foi um sucesso dessa parceria, principalmente por mesclar os elencos do Rio de Janeiro e São Paulo. E há alguns meses, fizemos a dublagem de dois tokusatsu’s para a empresa: Ultraman – A Batalha do Hiper-espaço e Ultraman Tiga e Dyna – Os Guerreiros da Estrela da Luz. Também num deles, respeitando as escalações anteriores, contamos com uma dublagem mista entre Rio/ SP. Em função desse cuidado e respeito com o publico, a Focus solicitou que fizéssemos a dublagem desses dois capítulos que faltavam do Jiban.

Quanto tempo durou as gravações?

Cerca de duas semanas, entre preparação, escalação, gravação e mixagem.

Essa série foi dublada na Álamo, em 1990, e não teve o seu final exibido na extinta Rede Manchete. Por este motivo, foi necessário refazer apenas os dois capítulos finais. O trabalho feito no passado foi levado em consideração pela direção atual?

Sem dúvida, buscamos ser o mais fiel possível, afinal foi um trabalho que até hoje tem muitos aficionados e esse público tinha que ser respeitado, inclusive nas escalações dos personagens. Conseguimos gravar com quase todo o elenco original. Houve também contato com uma pessoa séria e competente a fim de montar esse quebra cabeças da dublagem de outrora e dar continuidade ao projeto. Escrevi até um artigo sobre o assunto e coloquei no site da Dubrasil: http://www.centraldubrasil.com.br/site/

“Quase todos”? Poderia dizer quem ficou de fora?

Apesar da nossa insistência, a Márcia Gomes não pôde fazer a Madogárbo. Ela ficou muito triste, mas está impossibilitada de gravar já há algum tempo. Inclusive, quando refizemos um filme dos Cavaleiros, ela também não dublou a Êiri/ Deusa Éris. Atualmente apenas dirige na BKS. Acreditamos que muito em breve ouviremos a voz da nossa querida Márcia de volta na dublagem.

E quem dublou a vilã no capítulo 51?

Foi um grande desafio. Levamos em consideração o trabalho da Márcia, analisamos a personagem, o timbre de voz e a idade dela atualmente pra compor a vilã, e eu optei por fazê-la, já que estamos na mesma faixa etária. Fiz com muito carinho e espero ter chegado bem próxima do que havia sido criado pela Márcia. Fiz também a Múgui, aquele bichinho de pelúcia que ela dublava.

Falando sobre os demais dubladores que tinham personagens fixos no seriado, então conseguiram contatá-los para dublar?

Sim, foi outro desafio, mas era muito importante manter as vozes originais. Não podíamos, de uma hora pra outra, simplesmente trocar todo mundo. A distribuidora não queria e os fãs também não gostariam. Vale lembrar que existe uma diferença no timbre das vozes, afinal estamos todos cerca de 20 anos mais velhos. Mas achei que o resultado ficou bem legal.

E, por favor, poderia dizer quem são?

Lucia Helena voltou a fazer a Yôko, Francisco Brêtas o Seishí, Mauro Eduardo o Halley, etc.

Havia um dublador, o Robson Raga, que fez trabalhos em dublagem somente naquela época. Ele tinha um personagem importante na série. Vocês conseguiram contatá-lo para dublar também?

Sim, também com a ajuda de um amigo nosso, conseguimos localizar o Raga, que gravou o Yanaguêda.

E os outros personagens fixos, que nesses dois capítulos tiveram apenas uma ou outra fala, também foram escalados?

Todos. São grandes profissionais, que hoje são muito requisitados pelas casas paulistas, e alguns, inclusive, são diretores e até proprietários de estúdio, mas ao nosso convite, vieram dublar. São eles:

João Francisco Garcia – Koíti (pai da Ayúmi); Ivete Jayme – Shizúi (mãe da Ayúmi); Alessandra Araújo - Marshall; Christina Rodrigues - Kênnon; Letícia Quinto - Secretária Mitíyo.

Infelizmente, é sabido que 4 das vozes de personagens principais não puderam retornar nos seus personagens. Como fizeram para substituí-los?

Realmente, o Carlos Alberto Amaral, o João Paulo Ramalho e o Carlos Laranjeira já faleceram. A Rosana Garcia não mora mais no Brasil. Tivemos que substituí-los, analisando as vozes que temos disponível na atualidade e o tipo dos personagens.

E como ficou?

Pra narrar, escalamos o Gilberto Rocha Jr. que vem fazendo um ótimo trabalho com Cavaleiros/ Lost Canvas, e teve a humildade de buscar se aproximar da interpretação do Carlos Alberto. Já na Ayúmi, levamos em consideração o que já tinha sido feito, e é nítido que ela era dublada por uma mulher na época, e não por uma criança – prática que nem existe mais hoje em dia. Então escalamos a Luciana Baroli, cujo timbre era o que mais se aproximava do que a Rosana tinha em 1990. O Jean Marrie, quem fez foi o César Emilio, que além de ter uma voz próxima da do João Paulo, buscou também acompanhá-lo na interpretação. O Jiban era o maior desafio, afinal é o grande herói, e o Carlos Laranjeira tem um público apaixonado. Pesquisamos muito, ouvimos muitas vozes e chegamos a um impasse; devíamos optar pela jovialidade ou pelo timbre mais aproximado? Fizemos então uma enquete no site da Dubrasil.

Vi pessoas reclamando no Orkut e afins, dizendo que queriam mais vozes nos testes além daquelas disponibilizadas no site. Você tem algo a declarar?

O que acontece é que o publico não sabe dos trâmites que levam à determinada atitude. O tempo era escasso, a distribuidora queria esse trabalho artesanal para “ontem”, pois também tinham prazos a cumprir. Queríamos ter tido mais tempo pra fazer mais testes... e por isso optamos pela votação popular. Cheguei a conversar com fãs pelo telefone e responder e-mails, para explicar parte do processo.

Houve alguns comentários dizendo que a enquete teria sido burlada, essa informação procede?

Veja bem, a lisura e a seriedade são marcas da DUBRASIL. Colocamos no ar e deixamos por 72h para votação. Pusemos 2 vozes: Uma era o Fabio Campos, e a outra o Figueira Junior. Acontece que as enquetes, de uma hora pra outra, alternavam os resultados. Um dia antes de terminar, ficamos sabendo que havia um grupo tentando manipular o resultado, votando o tempo todo. E como você bem sabe, quando o assunto é internet, não tem como dizer que foi fulano ou beltrano. Mas no final creio que deu tudo certo, e venceu o preferido do público, o Figueira Jr.

E como foi a gravação com o Figueira?

Tranquila, ele é um bom profissional, já conhecia a série, e conheceu o Carlos Laranjeira. Juntos, direção e ator, baseados na interpretação do Laranjeira, fomos recriando o Jiban. Particularmente, acho que o resultado ficou muito bom, bem próximo do original.

E sobre a tradução?

Ficou a cargo do Marcelo Del Greco. Ele nos mandou os scripts, que foi revisado por alguém que acompanhou todo o trabalho, a pedido da Focus. É óbvio que quem for assistir vai perceber que esses capítulos tem uma versão diferente, mas o intuito é que, assistindo, percebam que tomamos todos os cuidados possíveis pra não destoar dos anteriores.

A respeito da qualidade sonora, poderia nos dizer algo? Afinal, 20 anos depois, com os novos equipamentos digitais, o resultado deve ter ficado bárbaro.

Aí entra outro parêntese. É nítido que tudo melhorou, tanto no assunto tecnologia quanto na interpretação dos atores, que estão mais maduros e talentosos. Mas, além disso, a distribuidora não conseguiu importar a tempo as M&E’s, as músicas e efeitos usadas para mixar com as vozes na dublagem. Outra vez tivemos que arregaçar as mangas e buscar resolver essa questão. Nossos técnicos de som, Guilherme Borges e Fabio Campos, trabalharam com afinco em cima deste projeto, inclusive pesquisando na Internet. Precisávamos de muitas músicas e alguns sons característicos da série pra montar essa trilha. Mais uma vez contamos com a ajuda de um colecionador, que cedeu praticamente todas as músicas de fundo (BGM’s) da série. Pra você ter idéia de como foi corrido, o Afonso Fucci tinha planos de fazer um Making of dessa dublagem pra colocar como extra nos DVD’s, mas não houve tempo, infelizmente.

Então foi um quebra-cabeças?

Literalmente. Fiquei sabendo que a trilha original desta série é meio conturbada, pois parece que usa também músicas de outros seriados mais antigos. Mas, analisando o resultado final, acredito que os consumidores vão gostar. Usamos de todos os meios disponíveis e possíveis para fazer um trabalho primoroso, desde a escalação e gravação até a mixagem. Foi um desafio muito grande.

Deixe um recado para os fãs da série e da Dubrasil!

A DUBRASIL tem um compromisso com a qualidade do que faz. Esse compromisso advém do respeito que temos pelo nosso trabalho e, particularmente, pelo publico. Agradecemos cada voto dado na Internet, e a cada palavra de estímulo e apoio que recebemos. Esse trabalho foi feito para que os verdadeiros fãs do JIBAN pudessem guardar pra sempre a serie completa. Esse trabalho artesanal e cuidadoso é o nosso presente. Esperamos que vocês gostem.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Jiban Box 02 - Review

O segundo Box do Policial de Aço Jiban já é realidade!

Após ver a postagem de um colega na comunidade da série no Orkut, ao chegar em casa, também me deparei com esta agradável surpresa. A minha coleção havia sido entregue, dois dias antes do lançamento previsto. Isto também aconteceu comigo em 2009, quando recebi o maravilhoso Box 01 do Jaspion exatamente um dia antes da liberação.

Como é de se esperar, não tive como assistir muita coisa, já que ele está em minhas mãos a menos de 3 horas. Mas mesmo assim já deu pra zapear por praticamente toda a coleção e falar sobre o lançamento, postar imagens, enfim, tudo aquilo que eu sei que os fãs de carteirinha da série ficam aguardando assim que uma nova série é lançada.

Primeiro - Imagem: Novamente contamos com um padrão de imagens límpidas, nítidas e coloridas. Nem me dei ao trabalho de procurar os DVD's rip não oficiais que usam como base a imagem dos discos da TOEI. Creio que não seja necessário. É só olhar os prints e ver que estão muito bonitas, dentro do esperado.

Segundo - Som: Como já é sabido desde o lançamento anterior, a fonte usada foi a mesma dos DVD's lançados há alguns anos pelo Scheider, do Japan2000. Quem não é do "meio", não deve conhecê-lo, mas quem acompanha esse tipo de seriado, seja em fóruns, orkut ou qualquer outro local, sabe de quem eu estou falando. O lado interessante é que novamente existem alguns detalhes a mais; trechos de áudio que não havia nos episódios espalhados pela internet. São eles:

- Capítulo 29 - Os Diabólicos Encontros Amorosos: havia uma fala em japonês poucos segundos antes do intervalo. Nesta coleção ela foi inibida;
- Capítulo 30 - O Misterioso Ataque ao Ator: não há como comprovar se o título em português deste episódio é exatamente este, pois aparentemente ninguém gravou o comecinho deste capítulo na época. Isso não mudou. No entanto, em determinado trecho, durante a dança Ai Bi Yo, havia uma parte onde faltava a música, e o som desaparecia, ficando totalmente mudo. Esse corte havia também na exibição do capítulo na Rede Manchete, da mesma forma que há um corte no episódio 40 - A Traição, da série Jiraiya. Não se sabe se a fita veio editada do Japão ou se a Manchete "tesourou" o trecho. No entanto, tiveram o cuidado de pegar a parte que faltava da versão em japonês e "colaram" no áudio em Português;
- Capítulo 31 - A Batalha Ninja: faltavam duas falas do Naôto antes do intervalo e duas falas da Yôko após o Eyecatch. Foram adicionados estes trechos no mesmo padrão de áudio do episódio;
- Capítulo 44 - O Talentoso Cientista e a Criança: faltavam duas falas do Naôto antes do intervalo, devidamente preenchidas, porém, a qualidade do áudio é inferior ao restante do episódio;
- Capítulo 48 - O Extermínio de Biolon: idem ao caso acima; faltavam duas falas que foram preenchidas com trechos de qualidade inferior.

Quando algo sai errado, somos - eu me incluo nisso - os primeiros à CRITICAR, então quero deixar registrado aqui o ELOGIO à empresa, que de alguma forma, pesquisou e encontrou esses trechos pra deixar a coleção da forma mais completa possível.

Terceiro - Legendas: Seguem o padrão de qualidade "Ricardo Cruz". Traduções competentes e detalhadas:

Quarto - Menus: Sem novidades, seguindo o mesmo modelo de todos os lançamentos anteriores da empresa:

Uma novidade é a saída do National Kid nos Traillers e a entrada dos Flashman:

Quinto - Extras: Também da mesma forma que nas caixas antecessoras. Fotos promocionais de bastidores, denomidas "Still Shashin":


Sexto - Box/ Labels: Lindos de morrer. Se essa arte tivesse sido estampada na lata, seria imbatível, e indiscutivelmente a mais bela lata dentre todos os tokusatsu's já lançados.

Posso dizer tranquilamente que tudo o que foi escrito acima pode ser considerado como os "prós" da coleção, no entando, resta uma ressalva, denominado "contra": Em nenhum capítulo colocaram a narração de abertura da série, com a voz do Carlos Alberto Amaral dizendo "Esta é a história das aventuras de um jovem e de uma garota, que partilham fraternidade em defesa da justiça pela humanidade". Todas as narrações ficaram somente em japonês com legendas. Uma pena.

Agora, o que eu particularmente estava mais querendo ver: A dublagem dos dois últimos capítulos. Não vou falar muito agora, pois este é um assunto delicado e que requer uma postagem só pra ele. Já assisti correndo os dois últimos, mas vou rever daqui a pouco, com mais calma, analisando minuciosamente cada detalhe. Mas já posso adiantar que achei legal. O ponto que mais me chamou a atenção é o cuidado que a Dubrasil teve em escalar praticamente TODOS os dubladores da época que ainda estão na ativa. Fiz esse comentário também nos Fóruns Tokubrasil e Dublanet, pois alguns personagens tinham apenas uma ou outra fala, e poderiam muito bem ter trocado, mas optaram por escalar as vozes originais, dando assim mais credibilidade ao trabalho. Meus parabéns à Zodja Pereira e Hermes Baroli. Somente a Márcia Gomes, dona da voz da Madogárbo não voltou, e a explicação disso tudo vai estar na entrevista com a proprietária da Dubrasil, que será postada até o fim desta semana.

No mais, segue o Cast dos capítulos 51 e 52...

... e um link, contendo algumas partes com as novas e antigas vozes. Como o Youtube está excluindo todos os vídeos da Toei, optei por colocar apenas o áudio. Basta clicar AQUI e aguardar que a reprodução começa automaticamente.

Mais um lançamento que particularmente aprovo. A Focus vem se superando a cada lançamento, na medida do possível. No entanto, uma grande expectativa ainda paira sobre o ar, quando o assunto é a próxima - e ao que tudo indica a última - série japonesa a ser lançada: Black Kamen Rider. Vai ser a hora da verdade, e todos saberemos se o fatídico último capítulo foi realmente dublado ou não. E caso não tenha sido, se levarmos em consideração os cuidados tomados com o Jiban, tudo indica que teremos um desfecho com chave de ouro.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Bastidores da Dublagem na TVS

Há alguns meses, conversando com a Dubladora, Diretora e Tradutora Denise Simonetto, ela comentou comigo que tinha uma gravação em seu acervo particular, de um programa do começo dos anos 80, quando o SBT era conhecido por TVS, e que dava ênfase ao crescente mercado da dublagem das telenovelas importadas. O documentário tinha cerca de uma hora, e pertencia à um programa da TV Cultura chamado A História da Telenovela, onde consta a participação de muitos dubladores consagrados pelo público, e que ainda estão na ativa, firmes e fortes. A gravação ocorreu em 08/09/1983.

É óbvio que fiquei muito curioso em poder ver esse material, e ela se deu ao trabalho de passar para o computador e me enviar. Ao assistí-lo, me deparei com um material ímpar, muito valioso para aqueles que apreciam esta linda arte, e tem curiosidade de saber como tudo era feito no passado. Assisti várias vezes, anotando as participações, algumas informações e fiz uma re-edição, com os trechos mais importantes, divididos em vários vídeos.

CaDu dublando, sob a direção do grande (e saudoso) José Soares:



Aqui, Denise Simonetto e Carlos Campanile, ensaiando suas participações na novela
O Direito de Nascer, assistidos pelo diretor Carlos Seidl:



Entrevista com Denise Simonetto, falando sobre o seu trabalho como dubladora, o tempo de gravação em média por capítulo, e sua opinião em ser uma artista que trabalha com a voz, sem ter seu rosto reconhecido pelo público:



Neste video, vemos Felipe Di Nardo, responsável pelo estúdio ELENCO, que ao lado da MaGa, liderada pelo Marcelo Gastaldi, operavam dentro das dependências da TV do Silvio Santos. Fala a respeito da importância de seu trabalho como Diretor, sobre as adaptações do estilo de atuação mexicana à brasileira, e também sobre a forma de gravação individual, que era novidade na época e hoje virou rotina:



Depois, algumas palavras de um dos tradutores das produções para o Português, comentando as tendências da época, a importância da fidelidade na transcrição dos textos e as adaptações para que a obra importada se aproximasse ao máximo possível da realidade do nosso país:



Agora, Salathiel Lage, responsável pelo núcleo de dublagem do Canal, analisa a necessidade - por conta da agilidade no processo e redução de custos - de fazer o trabalho em Video Tape, diferente da tradicional versão em celulóide. Mais adiante, fala também do processo de importação da novela, a escolha dos títulos, mudança do sistema de cor, edição, tradução, "abrasileiramento", etc:



E aqui, funcionários fazendo a marcação dos trechos para dublagem, aparelhagem sendo testada/ em funcionamento, e sonoplastia sendo criada e mixada junto com o som ambiente. Este formato de dublagem em VT obrigatoriamente ocasionava a perda da trilha sonora denominada M&E (Músicas e Efeitos), e estes eram refeitos dentro do próprio estúdio:



Depois, para a Video Verso, da TV Gazeta, houveram mais algumas gravações, porém a data não pôde ser definida com exatidão. Acredito que devem estar situadas na segunda metade dos anos 80.

Felipe Di Nardo, numa nova entrevista, fala sobre o texto usado na dublagem:



E a segunda entrevista com Salathiel Lage, comentando sobre o trabalho da dublagem como um todo. Desde a primeira etapa (tradução), depois replicação e gravação, até a última (mixagem). Há também um paralelo pelo ponto de vista do profissional, analisando a dublagem convencional e a do VT, numerando os prós e contras. Infelizmente, o final do vídeo está faltando:



Deixo registrado esse material precioso para os aficcionados pela arte, e também o meu agradecimento especial à Denise Simonetto, por ter me enviado os vídeos e proporcionado a criação desta postagem.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Parabéns, Dione Leal

Hoje quem completa mais um ano de vida é a Dione Leal, atriz que também fez dublagens na carreira, e participou do boom das séries japonesas feitas na Álamo, no final dos anos 80 e começo dos anos 90.

Dona de uma voz linda e suave, foi mais uma "cria" bem sucedida da dupla Líbero Miguel e Nair Silva no ramo.

A primeira ponta onde ouvi a voz da Dione numa série nipônica, foi em Jaspion, em 1987, no capítulo 32 - A Conspiração do Robô, fazendo a mãe do menino Daizúke, que tinha comprado um robô ajudante.

Depois disso, só fui ouvir sua voz novamente em 89/ 90, onde fez muita coisa: em Metalder, dublou a Secretária K, do império Neroz; em Spielvan, fez a mãe do herói e a primeira voz da inimiga Shadow; e em Maskman fez a ninja Fumín. Em Goggle V, Sharivan e Black Kamen Rider, fez várias pontas e vozeirios.

Secretária "K" e Shadow, duas personagens das séries Metalder e Spielvan que tiveram a voz da Dione.

Ainda nos anos 90, a atriz dublou, ao lado de Tatá Guarnieri, Oswaldo Boaretto, dentre outros, uma fase do desenho dos Jetsons. Tenho lembranças desta temporada, mas não é possível encontrar nem mesmo um trecho deste trabalho no Youtube.

Até pouco tempo atrás, seu nome era desconhecido para os fãs de tokusatsu. Particularmente sempre atentei no detalhe de que a mesma voz aparecia em várias séries diferentes e em personagens distintos, além do que o talento era inegável, então eu não sosseguei até descobrir seu nome. Quem me ajudou foi mais uma vez a Alessandra Araújo. Ela ouviu a voz num trecho de áudio, lembrou do timbre, do rosto da atriz, mas custava a lembrar seu nome. Depois de muito pesquisa, quando - em parceria com meu amigo Marcelo Almeida - descobrimos o nome do Ricardo Pettine, Alessandra se lembrou que ele havia casado com uma dubladora naquela época, e que poderia ser ela. Bingo! O Pettine confirmou. Mais uma atriz agora é conhecida pelos fãs das lendárias séries japonesas.



Um trecho da Fumín, de Maskman, ao lado de Alessandra Araújo e Élcio Sodré.

Atualmente ela tem se dedicado ao teatro, e trabalha na Cia. de Teatro e Dança Ivaldo Bertazzo.

Fica aqui registrado um singelo relato da parte que mais conheço da carreira da Dione, acrescido do desejo de um feliz aniversário, muitos anos de vida, saúde e paz, sempre!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Entrevista com o "Sharivan" Elcio Sodré

Há algumas semanas, os colegas do Grupo Tokusatsu.com.br soltaram o Tokucast 16, programa este cujo entrevistado foi o grande Elcio Sodré, e que tive a oportunidade mais uma vez de ser convidado a participar.

Já faz um bom tempo que gravamos, cerca de dois meses. Ficamos por quase duas horas e meia papeando com o dublador, contando histórias, falando sobre trabalhos antigos, curiosidades, e relembrando grandes épocas da arte.

Elcio é um cara bem tranquilo, de fala mansa, não se esquiva das perguntas e tem uma boa memória. O bate papo fluiu da melhor forma possível, do mesmo jeito que o anterior, estrelado pelo Carlos Takeshi. E por incrível que pareça, esta foi a maior entrevista protagonizada pelo ator que não teve o foco principal em cima de seu maior personagem: o Shiryu, de Cavaleiros do Zodíaco.

É óbvio que eu acho que vale muito a pena e que todos devem ouvir a gravação, mas também acho válido comentar algumas passagens, praqueles que não tem tempo (ou paciência) em baixar e escutar uma hora e meia de podcast:

Clique Aqui para ser redirecionado ao site do Grupo Tokusatsu!

- Elcio gravou sua voz pela primeira vez na Álamo, em 1988, fazendo uma pequena ponta no capítulo 24 do seriado Flashman, dirigido pelo saudoso Líbero Miguel. Porém, seu primeiro contato com a dublagem - como era realmente feita - foi por intermédio do amigo Mauro Eduardo Lima, que o levou para os estúdios da TVS, assistir uma gravação do Nelson Machado fazendo o Quico, no seriado Chaves. Curiosamente, esta primeira ponta no Comando Estelar foi feita junto com o Mauro Eduardo;


- Mais adiante, no capítulo 39, novamente Sodré aparece fazendo vozerio;


- A próxima série japonesa a chegar no Brasil foi Jiraiya, mas ele fez apenas a voz do Storm, a partir do capítulo 40, que já havia sido dublado pelo Ricardo Medrado (16) e o João Paulo Ramalho (29);


- Em seguida veio Jiban, onde ele foi escalado para o seu primeiro personagem fixo: Lyú Hayakáwa;


- No embalo, chegaram as três séries da Oro Filmes: Machineman, Goggle V e Sharivan (no segundo semestre de 1990), seu primeiro protagonista. Em Machineman ele dublou a 2ª voz da Arara (substituindo Nelson Machado), e o verdureiro atrapalhado Dentái. No Esquadrão dos Gigantes Guerreiros, fez algumas pontas e os Mozús dos capítulos 05, 13 e 16;

- Antes do Detetive Espacial, também dublou muitos inimigos na série Metalder. Uma curiosidade citada por ele, é que o dublador do protagonista – Tatá Guarnieri – havia tido problemas com a casa, e que o diretor da série na ocasião (Carlos Alberto Amaral) chegou a ligar pra ele e comunicar que o Tatá seria substituído por ele. Mas felizmente, o profissional acertou os ponteiros com a casa e não houve a necessidade da substituição, o que seria muito chato para os fãs perder justamente a voz do protagonista da série no decorrer dela, como sconteceu com Lion Man;

- Já estávamos em 1991, e os trabalhos do ator estavam consagrados em nossos ouvidos por intermédio de tantas séries. Mas eis que 3 novas produções são anunciadas na tela da TV Manchete: Spielvan, Maskman e o épico Black Kamen Rider. Na série do Guerreiro Dimensional, além de algumas pontas, protagonizou um novo vilão: o Imperador Guiotíni. Em Maskman, novamente foi um dos maus, o diabo vermelho Oyôbu. Mas a consagração total veio como um novo herói, o Issâmu Minâmi. A série marcou ao ponto de ser lembrada até hoje pelos fãs; tanto que a distribuidora Focus Filmes vai lançar o seriado em DVD ainda este ano;

- Outra informação legal é que todos sabemos (e o pessoal da Álamo, na época, também) que o protagonista de Spielvan era o mesmo ator de Sharivan, ninguém menos que Hiroshi Watari. E o dublador desse ator estava trabalhando lá, então, porque ele não foi escalado, uma vez que já o tinha dublado? Muito simples, é óbvio que um artista “iniciante”, que já tinha dublado vários personagens seguidos e até mesmo protagonistas, não poderia estrelar outra série. Assim, Ézio Ramos foi o escolhido pra dar voz ao "Kenji Sony";

- Outra curiosidade comentada por ele, é que ele ficou sabendo que o pessoal da distribuidora, no caso a Everest, havia pedido ao estúdio pra que “a mesma voz do Sharivan” fizesse o Black. Mas não existe uma confirmação exata desta informação;

- Sobre a dublagem do capítulo 51 do “Homem Mutante”, Elcio afirmou com certeza que o episódio em questão – o último – NÃO FOI DUBLADO. A parte legal disso tudo, é que das 4 vozes que tem personagens neste capítulo, apenas o João Paulo, que fazia o Grande Rei, faleceu. Elcio Sodré (Kamen Rider), Francisco Brêtas (Shadow Moon) e Luiz Antonio Lobue (Narrador), estão na ativa, e como a Focus demonstrou no caso de Jiban, provavelmente tomarão um cuidado especial, e é bem provável que vejamos o Black "redondinho";

- Dezenas de teorias e possibilidades foram citadas, contadas, dissertadas. Porém, a que prevaleceu foi a do meu grande amigo Michel Matsuda, que conversou pessoalmente com o Sr. Toshihiko Egashira, na época, e este confirmou que houve uma falha técnica da empresa, e esta fita não chegou ao Brasil. Mas isso não seria um problema pois, segundo o planejado, RX deveria estrear logo após o final de Black, e desta forma trariam o último episódio e usariam como um gancho para a estréia do novo programa. Acontece que o desgaste deste nicho de produção, aliado ao arrendamento da emissora dos Bloch ao grupo IBF, acabou frustrando os planos, e RX só veio para o Brasil em 1995;

- Antes da estréia do Kamen Rider Black RX, Sodré estava trabalhando na Gota Mágica, ajudando o Gilberto Baroli na direção de Cavaleiros do Zodíaco e narrando a saga da Guerra Galáctica. Em seguida, o Sergio Rufino, que dublava o Shiryu, teve um problema com as cordas vocais e foi substituído pelo Elcio, a partir do décimo primeiro capítulo da série;

- Em seguida, mais séries foram chegando no novo estúdio e lá estava o profissional, fazendo o César da Luz em Samurai Warriors, Visão de Águia em Guerreiras Mágicas de Rayearth, o pai da Sailor Moon na série de mesmo nome, Pual em Dragon Ball, enfim, centenas de personagem desde então.

Fica esse registro transcrito do que falamos na entrevista para fins de arquivo.

Finalizando, segue um trecho do seu personagem no Dragon Ball, com a dublagem da Gota Mágica: